“A gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro e felicidade”…
Nas conversas com executivos e professores, uma pergunta que sempre vem à tona é: “Como motivo meu liderado/aluno a que querer fazer a tarefa com o máximo de qualidade”? Como líder, preciso saber como estimular as pessoas, afinal de contas, liderar não é fazer. Liderar é fazer fazer.
Algumas respostas aparecem: – “Faça uma campanha de incentivo”! – “Avise que se não fizer a tarefa irá perder meio ponto na média final”! Nossa forma de agir está baseada na premissa de que o mundo gira em torno de estímulo e recompensa, e costumamos pensar que:
1. Recompensa: ajuda a obter o tipo de comportamento que queremos.
2. Punição: aumenta a chance de alguém fazer o que queremos.
Quando tentamos motivar alguém a fazer algo (motivação externa), normalmente oferecemos uma promessa ou uma ameaça. Nas tarefas em que temos um esforço físico –“faça isso, ganhe aquilo” – quanto maior a recompensa, melhor o resultado. Porém, quando envolvemos habilidades cognitivas, aumentar a recompensa nem sempre é diretamente proporcional à melhora do resultado. Se considerarmos que atualmente a maior parte dos profissionais trabalha mais com a cabeça e o coração do que com os braços e as pernas, pare e reflita: de que forma tenho motivado as pessoas da minha equipe e/ou meus alunos?
A motivação externa funciona apenas em curto prazo e para a melhora pontual do resultado. Se quiser perenizá-la, você será obrigado a oferecer mais recompensas ou a aumentar a punição. Com isso, ocorre a perda da produtividade e do comprometimento. Lembre-se: para as atividades simples e diretas, recompensa gera resultado. Para tarefas mais complicadas que envolvem criatividade, raciocínio e conceitos, recompensas não motivam. Fato: dinheiro é importante, mas como um requisito. As pessoas nunca ficarão motivadas se ganharem pouco. Pague o suficiente para que o colaborador pense em trabalho, não em dinheiro. Entre ganhar mal e ganhar muito existe um abismo.
Acredito que a pergunta inicial sobre motivação é: o que motiva aquela pessoa a fazer determinada tarefa? Ao olharmos mais de perto, percebemos que o prazer de fazer é a própria recompensa. O desempenho em si fornece uma satisfação pessoal antes, durante e depois da realização da tarefa. Este impulso para a ação gera uma recompensa intrínseca – a motivação interna. São três os seus componentes: Autonomia, Domínio e Propósito.
Se você quer pessoas engajadas, ensine, estabeleça critérios, procedimentos e depois delegue. As pessoas precisam de autonomia sobre a tarefa (aquilo que fazem), o tempo (quando o fazem), a equipe (com quem o fazem) e a técnica (como fazem). Quanto de autonomia os seus liderados têm hoje no trabalho? É suficiente? Você tem condições de delegar quaisquer das tarefas que poderiam estar impedindo-o de buscar outros desafios? Pense nisso!
O domínio é a vontade de se tornar melhor em algo. “Não basta fazer coisas boas – é preciso fazê-las bem”… já dizia Santo Agostinho. A excelência é um estado mental, pois requer a aptidão para pensar em nossas habilidades não como finitas, mas sempre passíveis de aprimoramento. A excelência é dolorosa, pois exige esforço, determinação e prática deliberada. E por último, a excelência é muito mais a busca do que a conquista, o que a torna, a um só tempo, frustrante e sedutora. Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho!
As pessoas, por natureza, estão em busca de um causa maior e mais duradoura do que elas mesmas. A vida profissional pode ser uma forma de encontrar a sua estória, deixar a sua marca. Quando entramos no mercado de trabalho queremos um salário e uma segurança (emprego). Com o passar do tempo, percebemos que agora já temos uma atividade que não só me remunera, mas também me deixa a cada dia melhor (profissão). A qualificação diária abre a perspectiva de um futuro promissor (carreira). E depois de muito tempo, existe um momento que você fala pra si: “Nasci pra fazer isso! Como gosto desse trabalho”! (vocação = voz interior). Esse prazer em fazer a tarefa pode começar a impactar positivamente outras pessoas, comunidades, cidades, países e até o mundo. Quando isso acontece, você descobre a sua missão na vida (propósito). Qual é o seu legado?
Quando pensar na próxima vez em motivar sua equipe e/ou seus alunos, invista um tempo em conhecer o que gostam de fazer e o que fazem muito bem. Em seguida procure alinhar o interesse e as habilidades de cada um com os respectivos objetivos de vida. Não é uma tarefa fácil, mas é fundamental para o engajamento e a entrega de resultados acima das expectativas.
E aqui vai uma Dikaduca: para conhecer mais sobre motivação, assista a dois vídeos de Daniel Pink, autor do livro “Drive”, da Editora Campus (na versão brasileira o nome é “Motivação 3.0”).
Mochila nas costas e até a próxima trilha!
Paulo Campos
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